O tumor de mama em fêmeas das espécies canina e felina é um problema de grande ocorrência na clínica de pequenos animais. Para se ter uma ideia, as neoplasias mamárias correspondem a aproximadamente metade de todos os tumores em cadelas e o terceiro tumor mais comum em gatas. Proprietários mais atentos levam sua fêmea ao veterinário assim que descobrem um “carocinho” próximo ou nas mamas; ao passo que chegam até nós, clínicos veterinários, cadelas e gatas com enormes massas tumorais, e em alguns casos, já abscedadas.
Clinicamente é muito difícil, diferenciar um tumor benigno de um maligno. De acordo com alguns pesquisadores, alguns cães com tumores benignos tem alto risco de desenvolver tumores malignos, o que nos faz dar a devida atenção a ambos os casos. Este tipo de tumor é raro em fêmeas com menos de 2 anos de idade, a sua incidência aumenta gradativamente à partir dos 4 anos, permanece estável entre 6 e 10 anos, quando vai diminuindo, o que evidencia que os hormônios ovarianos endógenos e os derivados sintéticos usados para evitar o cio, estimulam o desenvolvimento de tumores mamários. Já nos machos a incidência é de 1%. Muito ainda há de se pesquisar sobre esse tema, porém existem algumas descobertas importantes.
O desenvolvimento de tumores mamários é inibido pela retirada do útero e ovários (ovário histerectomia) antes dos dois anos e meio de idade. Se realizada mais tardiamente, o risco de tumores benignos poderá ser reduzido, mas provavelmente terá efeito mínimo ou não prevenirá o risco de tumores malignos. Além disso, já foi demonstrado que a administração de progestágenos de longa ação para prevenir cio, causa um aumento no risco de desenvolvimento de tumores benignos.
Não há evidências convincentes de que tanto a prenhez como a lactação alterem significativamente o risco de tumores, entretanto o risco em fêmeas que se reproduziram jovens e extensivamente, pode ser um pouco menor. Assim como em humanos as alterações genéticas que desencadeiam mutações em genes específicos são de grande importância no desenvolvimento e progressão de tumores, aparecendo como fatores individuais. Os tumores mamários podem ser apresentados como uma massa solitária ou múltipla. As glândulas mamárias caudais (localizadas no abdomem) são as mais afetadas, provavelmente por ter uma massa maior. As lesões múltiplas ocorrem em mais da metade dos casos.
Como já citei, é impossível diferenciar benigno de maligno através do exame clínico. O método diagnóstico de eleição ainda é a biópsia extirpadora, mas com o avanço das técnicas diagnósticas para animais, já podemos contar com um exame menos invasivo e traumático, que é a punção aspirativa, onde através de uma agulha fina, são aspirados pequenos fragmentos de tecido. É um procedimento indolor causando um mínimo transtorno ao animal. Após a coleta, este material é analisado por um patologista que verificará a presença de células tumorais malignas ou benignas, diferenciando-as de células inflamatórias.
O tratamento deste tipo de tumor é a retirada cirúrgica de todo tecido anormal. É de extrema importância a realização de radiografias de torax antes da cirurgia e a palpação dos linfonodos, a fim de se pesquisar a existência de metástases. Os tumores malignos geralmente resultam em metástases nos pulmões e linfonodos regionais, e menos comumente metástases hepáticas.
A ultrassonografia do torax também pode revelar a presença de massas metastáticas. Após a retirada cirúrgica, o veterinário pode indicar quimioterapia. Apesar de controversa, alguns benefícios podem ser obtidos com a quimioterapia após carcinomas simples em estágios II e III; mas é incerto o valor da mesma em prevenir metástases ou reincidência do tumor no mesmo local.
Como na medicina humana a prevenção e o diagnóstico precoce ainda é a melhor cura para o câncer, então, resumidamente você deve seguir alguns passos:
– Se a fêmea não será destinada a reprodução, faça a cirurgia de castração antes dos dois anos de idade.
– Inspecione as mamas regularmente para o aparecimento de nódulos.
– Ao verificar o nódulo, vá a um veterinário.
– Evite dar injeções inibidoras de cio.
*Abaixo um alerta meu e da Bisteca:
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